"Educação para a Paz e para a não violência - de Dalila Paulo
Vou transcrever um artigo, da revista "Psicologia Actual",
que me fez feliz, por sentir que são aspectos
que eu transmito aos outros.
Quem os ler, vai revê-los... Obrigada!
"Educação para a Paz e para a não violência - de Dalila Paulo psicoterapêuta,
facilitadora da Arte de viver em Paz - Presidente da Unipaz
Portugal Campus Avançado da Universidade Internacional da Paz
Se perguntar a qualquer pessoa se quer viver em paz e em Não- Violência ou , em permanente
agitação interna e externa, resolvendo os conflitos de forma violenta, o mais certo é que lhe
respondam que a primeira opção é não só a que consideram a mais adequada como a que
mais desejam.
A resposta é a de que somos fruto de uma crise de fragmentação resultante do exacerbamento
de uma orientação assente no paradigma newtoniano-cartesiano que coloca a ênfase sobre-
tudo na Razão e numa lógica mutuamente exclusiva, isto é, nada é verdadeiramente digno de
consideração a não ser que quantificável e analisável pelo Pensamento e pela lógica de que
A é necessariamente de B.
de uma orientação assente no paradigma newtoniano-cartesiano que coloca a ênfase sobre-
tudo na Razão e numa lógica mutuamente exclusiva, isto é, nada é verdadeiramente digno de
consideração a não ser que quantificável e analisável pelo Pensamento e pela lógica de que
A é necessariamente de B.
Foi com base neste paradigma que construímos um mundo interno e externo fragmentado e
mutuamente exclusivo.
mutuamente exclusivo.
Vejamos ao nível externo este paradigma trouxe-nos uma sociedade com um modelo compe-
titivo e exclusivo,
titivo e exclusivo,
"só posso ganhar se tu perderes", "só posso ser rico se tu fores pobre", "só posso ter lucro
se tu tiveres prejuízo" e desenvolveu um sistema de ensino assente sobretudo no Pensamento,
na passagem discursiva de informação.
se tu tiveres prejuízo" e desenvolveu um sistema de ensino assente sobretudo no Pensamento,
na passagem discursiva de informação.
Ao nível interno, trouxe-nos um ser humano desarmonioso, fruto de uma educação que tem
uma visão fragmentada do Ser, que apenas considera a função razão, a aquisição da informa-
ção e do saber fazer técnico e se esquece de educar as outras funções psíquicas que tal como
definidas por Jung são o Sentimento, a Sensação e a Intuição.
uma visão fragmentada do Ser, que apenas considera a função razão, a aquisição da informa-
ção e do saber fazer técnico e se esquece de educar as outras funções psíquicas que tal como
definidas por Jung são o Sentimento, a Sensação e a Intuição.
Um sistema de ensino que promove doutorados, que permanecem, inúmeras vezes no bê-á-bá
da capacidade de lidar com as emoções pessoais e as dos outros e no jardim-de-infância das
suas capacidades intuitiva e sensitiva.
da capacidade de lidar com as emoções pessoais e as dos outros e no jardim-de-infância das
suas capacidades intuitiva e sensitiva.
Descuramos o discurso sobre a Paz e a Não-Violência mas não aprendemos a Paz e a
Não-Violência.
Não-Violência.
Como sair então deste ciclo vicioso?
Com as descobertas da Física quântica, particularmente de que, ao nível do microcosmos, o
quantum tem a probabilidade de ser simultaneamente onda e partícula, nasceu um novo paradi-
gma que tem vindo a possibilitar o resgate de uma visão holística da realidade e o assentar
numa lógica mutuamente inclusiva, que torna possível passar do “ou isto ou aquilo” para o
“isto e aquilo”.
quantum tem a probabilidade de ser simultaneamente onda e partícula, nasceu um novo paradi-
gma que tem vindo a possibilitar o resgate de uma visão holística da realidade e o assentar
numa lógica mutuamente inclusiva, que torna possível passar do “ou isto ou aquilo” para o
“isto e aquilo”.
Para sair do ciclo vicioso, precisamos, então, começar urgentemente a balizar o nosso olhar
sobre o mundo através de um paradigma inclusivo. Um paradigma a partir do qual é possível a
construção de um sistema educativo para a totalidade do Ser, isto é, para a promoção do desen-
volvimento equitativo e equilibrado de todas as dimensões do ser humano: o corpo, a
mente e o espírito.
sobre o mundo através de um paradigma inclusivo. Um paradigma a partir do qual é possível a
construção de um sistema educativo para a totalidade do Ser, isto é, para a promoção do desen-
volvimento equitativo e equilibrado de todas as dimensões do ser humano: o corpo, a
mente e o espírito.
É necessária a expansão de modelos educativos em que à inteligência racional seja adiciona-
da a inteligência emocional e espiritual, colocando assim em acção, tanto o hemisfério esquer-
do, como o hemisfério direito.
da a inteligência emocional e espiritual, colocando assim em acção, tanto o hemisfério esquer-
do, como o hemisfério direito.
Uma Educação para a Paz e Não-Violência é então aquela que assenta numa abordagem holís-
tica do acto de educar, onde cada momento de aprendizagem acontece colocando em acção
cada uma das funções psíquicas (razão, sentimento, sensação e intuição).
tica do acto de educar, onde cada momento de aprendizagem acontece colocando em acção
cada uma das funções psíquicas (razão, sentimento, sensação e intuição).
Tomemos um exemplo para tornar mais clara a diferença entre a apresentação de um momento
de aprendizagem mediante um sistema de ensino baseado na passagem da informação e da
técnica (Modelo 1) e um sistema de ensino para a Totalidade do Ser (Modelo 2).
de aprendizagem mediante um sistema de ensino baseado na passagem da informação e da
técnica (Modelo 1) e um sistema de ensino para a Totalidade do Ser (Modelo 2).
Módulo sobre o processo germinativo das plantas:
Modelo 1
Ø Passagem de acetatos com a descrição dos passos da germinação
Ø Semear e observar o processo de crescimento
Modelo 2
“Quem vivencia não decora, aprende a vida”
Ø Vivência corporal do processo germinativo. O corpo passa por todos os processos
Ø Relação entre o processo da planta e a sua história pessoal. Eco das emoções surgidas
com a vivência corporal.
com a vivência corporal.
Ø Exercício meditativo: Ser “Um com a Planta”
Ø Passagem de acetatos como a descrição dos passos da germinação
Ø Semear e observar o processo de crescimento
Um modelo educativo para a totalidade do ser é aquele que inclui uma aprendizagem da Sabe-
doria das emoções, que só acontece através de uma “inducação”, um tempo de verdadeira vi-
vência que torne possível;
doria das emoções, que só acontece através de uma “inducação”, um tempo de verdadeira vi-
vência que torne possível;
Ø Reconhecer e enfrentar as emoções pessoais, os seus medos, sentimentos de perda e de re-
jeição.
jeição.
Ø Aprender a amar-se a si mesmo
Ø Aprender a enfrentar e reconhecer as emoções dos outros
Ø Aprender a lidar com as emoções dos outros de forma criativa
Ø Aprender a lidar com o stress
E abraça também a dimensão espiritual, quer dizer, a aprendizagem vivencial dos vários níveis
de consciência, das dimensão onírica, simbólica e universal.
de consciência, das dimensão onírica, simbólica e universal.
É uma educação que, tal como refere Jacques, se baseia em quatro pilares: aprender a conhe-
cer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a Ser.
cer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a Ser.
É também desta forma que á Paz pode ser dada uma dimensão mais profunda do que a usual
convicção de que é o oposto da guerra. Ela passa sobretudo a ser um estado interior advindo
da capacidade de dar atenção ás emoções destrutivas do bem-estar emocional e espiritual, tal
como o ódio, a raiva, o ciúme, a inveja e o medo e de os transformar nas emoções catalisado-
ras da felicidade, foi como o amor, a compaixão e a alegria.
convicção de que é o oposto da guerra. Ela passa sobretudo a ser um estado interior advindo
da capacidade de dar atenção ás emoções destrutivas do bem-estar emocional e espiritual, tal
como o ódio, a raiva, o ciúme, a inveja e o medo e de os transformar nas emoções catalisado-
ras da felicidade, foi como o amor, a compaixão e a alegria.
A Não-Violência é o resultado óbvio desta transformação interior.
Como pode dar passos em relação a esta transformação?
Através das quatro vitórias na transformação das emoções destrutivas em emoções de paz:
Ø Ocorreu uma situação conflituosa onde deixou que a zanga tomasse conta de si e por isso
reagiu violentamente, quer do ponto de vista verbal/psicológico, quer do ponto de vista físico.
À noite, depois de acalmar, toma consciência que a reacção foi exagerada.
reagiu violentamente, quer do ponto de vista verbal/psicológico, quer do ponto de vista físico.
À noite, depois de acalmar, toma consciência que a reacção foi exagerada.
1ª Vitória: No dia seguinte fala com a pessoa com quem esteve em conflito e diz-lhe que a sua
reacção foi exagerada e pede desculpa por isso.
reacção foi exagerada e pede desculpa por isso.
Ø Ocorre uma situação conflituosa, sente que a sua raiva começa a subir, entra nela, e começa
a reagir violentamente.
a reagir violentamente.
2ª Vitória: Num determinado momento, lembra-se deste artigo, começa a baixar a sua reacção
violenta e permite-se escutar o outro e encontrar pacificamente uma solução.
violenta e permite-se escutar o outro e encontrar pacificamente uma solução.
Ø Ocorre uma situação conflituosa, sente que lhe chega a sua raiva.
3ª Vitória: Observa-a a chegar, acolhe-a dando-lhe uma flor, ou o que achar melhor, mas não
entra nela e continua a resolver a situação de forma pacífica.
entra nela e continua a resolver a situação de forma pacífica.
Ø Ocorre uma situação conflituosa, sente que a raiva chega.
4ª Vitória: Transforma-a num dos catalisadores da Paz (Amor, Compaixão, Alegria, Equidade)
Não sendo este um processo fácil, como então, torná-lo possível?
Tome consciência de que:
Ø Quando aponta um dedo para outra pessoa, ficam três dedos a apontar para si.
Ø Quando fica irritado com alguém, isso apenas quer dizer que essa pessoa está a espelhar al-
go que não quer, ou não pode ver em si. Algo que rejeita e que, por isso, lhe retira o poder de
se manter firme
na sua acção não-violenta. Ninguém tem o poder de o irritar, é você que lhe dá esse poder.
go que não quer, ou não pode ver em si. Algo que rejeita e que, por isso, lhe retira o poder de
se manter firme
na sua acção não-violenta. Ninguém tem o poder de o irritar, é você que lhe dá esse poder.
Ø Fale apenas de si, ainda que seja mais fácil, por exemplo, dizer “o ser humano tem muita difi-
culdade em mudar”, do que “eu tenho muita dificuldade em mudar”, ser capaz de o mencionar,
catalisará em si um processo de consciência e verdade interior.
culdade em mudar”, do que “eu tenho muita dificuldade em mudar”, ser capaz de o mencionar,
catalisará em si um processo de consciência e verdade interior.
Ø Torne consciência de que a sua vida é como a respiração... inspirar, largar, e que assim sen-
do não faz sentido apegar-se a algo, ao ponto de ficar doente. Entre no fluxo da respiração da
sua vida...”
do não faz sentido apegar-se a algo, ao ponto de ficar doente. Entre no fluxo da respiração da
sua vida...”
Desejo uma reflexão construtiva...
Estou aqui, coloquem as questões todas que sentirem vontade, responderei
!
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