Tenho
recebido alguns contactos questionando sobre o que fazer com a
mediunidade que têm, e nesse sentido, gostaria de ajudar quem se
sente um pouco à deriva.
Como
sabemos a mediunidade é uma capacidade (apesar de algumas pessoas
ainda serem cépticas a esse respeito) que cada vez mais se constacta
fazer parte do nosso dia-a-dia.
Ora,
todos os que se sentem diferentes de alguma forma, todos os que
escolheram viver a Mudança, têm conhecimento que é algo que
podemos usar para nosso benefício e dos que nos rodeiam, ou mesmo
ajudar quem procura os que a têm mais desenvolvida, assim como
procuramos um/a cozinheiro/a, um/a costureiro/a, um/a engenheiro/a,
etc.; quando queremos aprender ou quando sentimos necessidade de
pedir a quem possui o talento.
Ora
bem, descobrir se esta capacidade está entre as nossas
características é uma aventura. Muitas pessoas foram catalogadas
como psicóticas ou loucas ou qualquer outro adjectivo, quando
aceitaram viver como são; outras, sofreram por que ninguém as
ajudou a compreender o que se passava com elas. Ainda, há situações
destas. O nosso objectivo é chegar a quem ainda desconheça, se
sinta perdido/a.
Ainda
há quem associe mediunidade com bruxaria, com o conceito errado de
espiritismo, ainda procure para fins egoístas. Felizmente que isso
começa a mudar: vermos tantos os médiuns como os/as bruxinhos/as
como seres de amor.
Allan
Kardec, no seu tempo ajudou muito, e podemos retirar muita informação
e esclarecimento quanto a estes processos. No entanto, também
sabemos que algo está a mudar há alguns anos e por conseguinte,
hoje essa mesma função não tem como único objectivo ajudar os
espíritos desencarnados a serem doutrinados (isto é, a serem
encaminhados de modo a não incomodarem os que estão no planeta
Terra assim, como para o seu próprio crescimento, diremos assim), e
sim, cada vez mais fins de tratamento, e mesmo para transmitir
mensagens para o desenvolvimento e crescimento dos seres humanos (no
âmbito do auto-desenvolvimento).
Hoje,
existe um novo conceito: canalização.
Uma vez que um médium, um
terapeuta, que utilize qualquer tipo de terapia energética como um
reikiano, não passa de um canal, a sua função é transmitir algo.
O conceito dos que têm a capacidade, de num estado modificado de
consciência, estarem na mesma frequência de um ser de outra
dimensão, seja com o objectivo de tratar, ajudar, transmitir uma
mensagem, passou a ter uma perspectiva mais suave, menos dramática e
misteriosa.
Ainda
muitos médiuns recebem informações falaciosas sobre o que é ser
médium e como viver isso. Acabam por ter sintomas desagradáveis,
muitas vezes por desconhecerem ou por irem atrás de conceitos que
ainda são dogmáticos. Vivemos um período de transição: em que
ainda perduram conceitos contraditórios e que muitas vezes assustam
as pessoas.
Ninguém
fica doente, pelo facto se recusar a cumprir a tarefa/missão à qual
se propôs; eventualmente, podem ter sinais (mesmo físicos) de que
algo está por fazer, e isso pode representar o desafio de se
reencontrar; outras pessoas são mal encaminhadas, uma vez que um
caso não é padrão para outro.
Apesar
de existirem alguns sinais, e sintomas, que podem ser mais comuns
numas pessoas do que noutras, todos eles podem ajudar-nos a
compreender se somos médiuns ou não.
Que
sinais?
-
podem sentir más disposições; arrotar; sentir sono; de repente
ficarem incomodadas sem saberem muito bem o motivo, uma vez que não
é claro; sentirem dores de cabeça sem haver uma explicação
aparente;
-
o seu estado de espírito pode mudar de repente; por exemplo,
encontrar-se alegre e sem razão aparente, ficar triste ou
preocupada; pode sentir isto a maior parte das vezes, ao entrar num
determinado local, ambiente ou estar com pessoas, num transporte
público, num convívio, e até entre amigos e familiares;
-
sentir estados depressivos, isto é, deixarem de ter vontade de fazer
as suas tarefas diárias, conversar com as outras pessoas,
perturbações com o sono (insónias); o seu trabalho não fazer mais
sentido; terem vontade de mudar algo na vida sem perceber muito bem o
quê;
-
há outros sintomas físicos, mais profundos, não tão comuns,
apesar de poderem acontecer, como: tonturas, ou alguma sensação de
desmaio sem que aconteça; taquicardias; devido à falta de
informação, sentir medos.
Podem
surgir outros sinais que não tenham sido mencionados; se for
importante, partilhem connosco. Mesmo para vos ajudar a interpretar
correctamente esses mesmo sinais, que por vezes são confundidos com
outras causas. Também gostaria de acrescentar que nem todos os que
sentem estes sinais ou sintomas, tenham de ser médiuns com o
objetivo de trabalhar para os outros; esta capacidade pode ser usada
só para si mesmo/a.
Estes
sinais e sintomas desaparecem ou transformam-se em outros sinais mais
suaves, de forma a que cada médium identifique o que é relevante
para ele/ela. Como é que isso acontece? Através de uma formação e
desenvolvimento espirituais, diremos assim, e isso está relacionado
com o desempenho, entrega e escolhas que o/a médium fizer.
Outra
questão que tem sido levantada: que tipo de mediunidade é a minha?
Não
existe um tipo único para cada médium; eventualmente, há médiuns
que se habituaram a funcionar de uma determinada forma e é segundo
esse meio que recebe a informação e/ou ajuda tanto para os seres
encarnados como os desencarnados.
Nalguns
manuais podemos encontrar um vasto número de tipo de mediunidades
(uns falam em 100 tipos outros em menos, não sendo isso relevante),
iremos referir os mais comuns. Algumas pessoas podem viver a sua
mediunidade de mais de uma forma. É um processo muito pessoal e
também a sua escolha, o modo com que se identificam. Ninguém é
obrigado a viver com algo que lhe é desconfortável ou doloroso,
como já aconteceu nalguns casos em que a sua actividade mediúnica
se torna desgastante e sem benefício. É algo que devemos viver com
harmonia e equilíbrio.
Fazendo
menção aos mais comuns, indicamos:
-
mediunidade intuitiva: é através do seu pensamento que recebe as
mensagens; inicialmente, pela falta de prática e desconhecer como
identificar se o seu pensamento provém de si mesmo ou de outra
entidade, é natural sentir-se inseguro/a. Um dos sinais que é a
intuição que é emissora desse pensamento, é por exemplo, quando
ele surge de repente e sem estar relacionado com o que estava focado.
Por ser muito subtil a diferença entre o “nosso” pensamento e o
que se designa como intuição, só com alguma disciplina e prática,
o médium distingue um do outro;
-
mediunidade de incorporação: acontece quando o médium está na
mesma frequência da entidade presente, ou que se aproxima com uma
determinação função, e geralmente, tem sinais físicos e o seu
corpo está completamente relaxado; se a sua mente se encontrar num
estado modificado de consciência é natural que esse processo seja
parcial, isto é, o médium está consciente e pode recordar,
posteriormente, do que sentiu, viu, ou ouviu. No entanto, durante o
processo não tem qualquer controlo sobre o que está a acontecer.
Quando o médium fica completamente inconsciente, e aquando do
despertar, não se recorda do que aconteceu. Em ambas as situações,
é sugerido que o médium não se encontre sozinho para que seja
possível encaminhar quem precise de ajuda, ou receber a mensagem
adequadamente, podendo ser gravada por exemplo. Respondendo a muitas
perguntas: a maioria dos médiuns de incorporação são conscientes,
havendo uma percentagem menor de inconscientes (é provável que no
passado, os médiuns tivessem outro tipo de atitudes e considerassem
mais fidedigno a incorporação inconsciente e por isso, procediam
dessa forma;
-
médiuns videntes: os que conseguem “ver” o que é suposto ser
transmitido, seja a visão da entidade que surge, seja alguma
previsão, premonição; Existe uma outra classificação:
clarividência; do que encontrei não vislumbro uma diferença
distinta o suficiente para dizer que se é vidente ou clarividente;
de alguma forma é muito semelhante; talvez a profundidade do
desempenho, seja a diferença; o facto de verem a aura, corpos astral
e mental pode também distinguir a distinção;
-
médium auditivo: recebe as mensagens através da sua audição de
forma clara e distinta;
-
psicografia: a capacidade que um médium tem de receber as mensagens
através da escrita. A mesma pode ser feita de forma intuitiva, isto
é, após receber pelo seu pensamento, escreve o que surge; (nalguns
lugares encontrei as designações de semi-mecânica e mecânica) num
grau mais profundo, o médium pode ficar num estado modificado de
consciência e escrever e dessa forma, apercebe-se do que escreve a
medida que o faz e não antes de escrever; mais profundo é mesmo uma
escrita em que o médium não tem consciência do que está a
escrever, é como que ser comandado o que escreve. Há pintores que
lhes acontece o mesmo, e essa mediunidade é designada por
psicopictografia. Acrescentaria que a muitos escritores e poetas pode
suceder o mesmo.
-
psicofonia: uma
particularidade mediúnica, quando o médium
fala não com a sua própria voz, mas sim incorpora de tal forma a
entidade, que a sua voz é alterada.
Existe
outra forma situação que pessoalmente não vejo como um tipo de
mediunidade, no entanto, qualquer médium pode viver esses momentos –
o desdobramento – uma vez que tem várias etapas, direi assim. O
seu corpo físico permanece num estado mais ou menos profundo segundo
a viagem (desdobramento). Se está consciente, o médium consegue ver
a sua projecção, isto é, por onde anda, descreve o que vê e
ouve. O mesmo pode acontecer de forma inconsciente, e isso sucede
durante o sono. Nem todos os sonhos que recordamos são “viagens
astrais”, no entanto, durante esse processo pode acontecer um
encontro com seres familiares/amigos que desencarnaram, ou mesmo
respostas a questões que preocupam a pessoa. Nestas projecções
mais profundas, pode surgir o seguinte: alguém pode ser visto por
outra pessoa sem estar num estado desencarnado. Situações
possíveis, no entanto, poucos relatos.
-
existe uma outra circunstância que gostaria de referir: médiuns
cuja capacidade empática é de tal forma desenvolvida, que captam
tudo o que outras pessoas sentem; isso pode ser manifestado de forma
mais dramática ou não; muitas vezes, as pessoas que sofrem
exactamente o que o outro sente, significa que pode existir algum
desequilíbrio no médium, uma vez que seria demasiado sofredor
sentirmos constantemente o que os outros sentem. O médium pode
aprender a gerir essas sensações de forma harmoniosa e não
“colar-se” literalmente ao que o outro sente. O processo passa
por conhecer-se muito bem e ter a certeza que deseja mudar algo em s
Em
todas as formas de mediunidade devemos atentar a ser sempre possível
haver interferência do médium, isto é, as suas referências, a
forma como transmite a mensagem, passa pelo filtro que ele/ela
mesmo/a é; ora isso pode ter repercussões no que transmite, no
entanto, não significa que seja menos fidedigna, significa que é
natural esse processo suceder. Aprender e estar atento é sempre
sinónimo de bom senso.
Viver
como ser mediúnico é algo natural e podemos aceitar essa
característica como outra qualquer que possuímos, como ser
generoso/a, divertido/a, alegre, optimista, perseverante, assim, como
as que ainda revelam que somos aprendizes, tais como teimosia,
preconceito, culpa, insegurança.
Podemos conhecermo-nos, sendo o
passo seguinte aceitarmo-nos como somos. Quando nos aceitamos,
estamos a dizer a nós que tudo é natural e somos aprendizes e que
somos capazes de nos transformarmos em borboletas. O hábito tem
muita força em todos nós. Ao compreendermos que podemos despir o
que não nos é útil, trazemos a nós a oportunidade de nos
redescobrirmos e sabemos que transformamos, por exemplo, uma teimosia
em perseverança, em determinismo. A teimosia revela insegurança.
Quando passamos a acreditar em nós, tudo se transforma, por que o
comandante da nossa nave somos nós, escolhemos e decidimos o que
queremos para nós e o nosso maior desafio é viver como acreditamos
ser o melhor caminho. É uma constante descoberta e aventura.
Ana
Guerra
escrita sem AO
Sem comentários:
Enviar um comentário