As emoções
caracterizam o ser humano. A forma como o ser humano gere as emoções
distingue-o de outros seres vivos. De onde surgem? Existem várias
teorias para esclarecer a origem das mesmas. No entanto para o
autoconhecimento não é o mais relevante.
Diferença entre
emoções e sentimentos – a maioria do ser humano confunde ou
considera que é o mesmo. A emoção é causada por um estímulo,
interno ou externo; é algo que não se controla, é um processo
automático. A
gestão das emoções é uma aprendizagem, que nos leva a viver com
menos sofrimento e logo, mais alegria.
Quando
nasces os teus medos são simples e naturais, fazem parte do teu
organismo, do que chamamos instinto. Ter medo de cair, (de ouvir
ruídos, ser abandonado). No entanto, cais e levantas-te; não
alimentas esse medo. Usa essa estratégia que a Natureza te ensina de
modo a que os medos se cinjam aos de sobrevivência. Todos os outros
podem ter origem em situações que viveste ou outros que tu crias ou
que ao teu redor é costume tê-los, e podes mudar isso. Viver sem
ter algo que te apoquente.
Esta
particular emoção – o medo – é visto como algo pouco positivo.
No entanto, reconhecemos que sem ele (instinto) podemos colocar a
nossa vida em risco, ou a de outro ser. Com certeza que existe um
equilíbrio para ser vivido. Uma vez que seja alimentado em excesso,
pode tornar-se patológico (pânico, terror), numa fobia.
Outras
emoções e sintomas fisiológicos (sinais) estão associadas ao
teres consciência que é um medo. Tais como ansiedade, “borboletas”
no estômago, dores de cabeça, cólicas, palpitações, respiração
acelerada, suores.
Como
acontece ter-se medo?
-
situações vividas, que fazem sentir receio, ansiedade; que foram
traumatizantes:
-
estórias que foram contadas com dramatismo e se acredita como
verdade;
-
falta de auto-estima;
-
comportamentos que se copiam, aprendidos desde a infância.
-
podemos considerar, também, situações vividas noutra vida e que
ficaram por resolver e podem ser sido de tal forma marcantes que vêm
connosco;
-
dores físicas, doenças;
-
fruto da imaginação;
-
de situações do futuro, em que se foque;
-
preocupações.
A
gestão de cada medo está relacionada com as crenças, valores,
atitudes que cada ser tem, e determinará as consequências de como
viver o medo. Ao viver uma situação que nos traz receio,
insegurança, ansiedade, tende-se a manter uma memória menos
positiva, que volte a acontecer e o medo está criado. Da mesma forma
se processa quando escutamos experiências vividas por outras
pessoas, fica-se com receio que aconteça.
Existem
diferentes estratégias de modo a diluir as emoções que bloqueiam a
caminhada.
A
falta de auto-estima quase sempre está associada a inseguranças,
descrédito de si mesmo/a, trazendo medos de por exemplo não se
conseguir passar num exame, de não conseguir ter um emprego, de não
realizar um projecto, etc. O facto de não se conhecer, de ter
expectativas muito altas, de usar de forma menos eficaz as suas
próprias capacidades, leva à criação de medos. Todas as vias que
assegurem o auto-desenvolvimento são sugeridas como eficazes e
sobretudo as com que cada um se sinta sintonizado/a.
Quando
crescemos apreendemos uma série de comportamentos que passamos a
viver como nossos, acreditando que fazem parte da nossa personalidade
e também valores, crenças, atitudes. À medida que crescemos
podemos descobrir que algumas dessas aprendizagens nos são inúteis
e trazem dor. Ao estar habituado/a a conviver com pessoas que têm
determinados medos, eles passam a fazer parte da realidade em que
crescemos e isso é uma realidade que não questionamos. O melhor
caminho para a substituição de hábitos é em primeiro lugar,
conhecer-se, aceitar-se e identificar o que reconhece como fazendo
parte do seu carácter, personalidade e o que efectivamente não faz
parte.
Para
os que acreditam que tivemos outras vidas, na Terra, há
acontecimentos que foram vividos de forma traumática, ou ficaram por
resolver; isso pode levar-nos a comportamentos, emoções, que se
encontram pouco claros nesta vida, na medida em que se encontram no
inconsciente. Através da terapia regressiva, ou da hipnoterapia, o
reviver dessas situações desbloqueia aquilo que permanecia
escondido e que contudo encaminha para comportamentos indesejados. É
um processo acompanhado e supostamente esclarecedor a quem recorre.
Quando se tem acesso à informação isso contribui para menos
inseguranças, medos.
O
estar doente, seja algo crónico ou não, leva a temer pelo momento
presente ou futuro. A ciência, cada vez mais, esclarece que a doença
tem várias causas e muitas delas podem ser resolvidas através de
terapias alopatas ou não, e seguramente a mente da pessoa tem uma
contribuição responsável pelo estado em que se encontra. A atitude
que se tem perante o estado é fulcral na sua evolução e
desenvolvimento. Ter um/a profissional competente ao lado e a atitude
ser consciente das suas capacidades ajuda e tem resolvido situações
que se criam insolúveis. Outras tornam-se aceites e vivem de forma
muito mais equilibrada e com qualidade de vida.
As
pessoas são ensinadas que responsabilidade está relacionada com a
forma como vivem a sua vida, e pensar no futuro é uma delas. O
passado é algo que se viveu, deixou de existir, o seu retorno é
inexistente neste planeta, por ora. O futuro é algo inexistente; que
é imaginário. Apesar de ter acesso a esta informação, a maioria
dos seres humanos foram criados a acreditar que recordar é
maravilhoso (talvez um tema para reflectirmos) e que estar apegado a
isso é fabuloso. A experiência tem indicado que nem sempre isso
sucede. Muitos medos advêm do que aconteceu, não se deseja repetir.
Podemos aprender com o que foi vivido e extrair o melhor fruto disso.
Quanto
ao futuro, ter a preocupação do que pode suceder, pode gerar medos
e desilusões. Alimentar expectativas que podem ter outras
expressões. Novos paradigmas trouxeram diferentes perspectivas: o
passado e o futuro não existem, viver o presente tem sido
demonstrado que é mais eficiente e eficaz. Focar-se no momento que
se vive, traz frutos mais satisfatórios.
O
mesmo sucede com as preocupações. Se não te preocupares não és
boa pessoa, responsável. Podemos substituir isso por desafios é a
minha partilha pessoal. Descobri que preocupar-me não me trazia nada
a não ser desagrado e tristeza, pesar, quando tudo se resolvia.
Através da minha experiência empírica e partilha de outras pessoas
descobri que quando faço o que me compete, viver sem expectativas e
deixar fluir, resulta em ser surpreendida pelos acontecimentos
solucionados e outros fantásticos.
Alguns
dos muitos exemplos referidos por vários participantes, ao serem
confrontados com a questão: que medos tens?
Exemplos
de medos: ter medo de chegar a velho e não ter vivido; medo duma
velhice com demência; falta de saúde; medos dos patrões, de perder
o trabalho, de decepcionar, do desconhecido, medo de ter medo; que
aconteça algum mal à minha família, medo de terramotos; medo de
não pagar as contas; medo de ficar sozinha/o; medo de ser traída,
ser ridicularizado/a; ser abandonada; de não ter companheiro/a; da
solidão; perder o controlo das situações; de ficar doente; de não
ter onde viver; medo de ficar incapaz física e mentalmente na
velhice; medo de não ter privacidade; sentir o medo como um inimigo;
medo de ter de ficar incapacitado/a; medos de cães, cobras, aranhas;
medo de alturas; medo da pobreza; de não se relacionar com outras
pessoas; falta de saúde, emprego; medo que aconteça algo com os
filhos; medo de conduzir; morrer cedo.
Para
concluir gostaria de vos deixar a resposta de um dos inquiridos que
resume várias atitudes que podem ser escolhidas para se viver ao
invés das que trazem dor e que resume o que poderia apresentar como
um caminho assertivo e garantidamente com êxito.
Resposta
de alguém que já não valoriza o medo: “Medo… é algo que já
ressoa pouco comigo há algum tempo, ele pode emergir casualmente,
mas não o valorizo. Aprendi a desvalorizá-lo e tornei-o num padrão.
E tudo se tornou mais fácil a partir do momento em que entendi que o
processo da morte (desencarne), porque toda uma outra perspectiva foi
interiorizada, o que me permite hoje relativizar tudo; o resto
adquiri através do trabalho do desapego, assim como o confiar…
confiar sempre que se viver em consciência, com a energia correcta,
nada me será negado.”
Ana
Guerra
escrita
sem acordo ortográfico
nota:
A palavra medo provém do termo latim metus, que significa
inquietação, temor, ansiedade.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário